O Found Footage
de horror constitui uma tendência estilística (ou subgênero) do horror
audiovisual, na qual os filmes combinam forma documental (total ou parcialmente
composta por filmagens com aparência e sonoridade acidentais, domésticas ou
improvisadas de eventos extraordinários, só que feitas por personagens da
ficção) e conteúdo ficcional. Em outras palavras: são filmes organizados a
partir de falsos registros caseiros de natureza violenta e/ou sobrenatural. A
estilística documental utilizada nesses filmes valoriza certa imperfeição
formal, de modo a gerar no espectador a ilusão (muitas vezes consentida) de que
cada um deles constitui um documento histórico – um registro não encenado de um
pedaço de realidade.
Nas últimas duas
décadas, graças a uma série de razões que incluem o baixíssimo custo de
produção, a massiva proliferação de dispositivos de registro de imagem e som (camcorders,
smartphones, tablets) a preços acessíveis, e a toda uma cultura
audiovisual contemporânea que combina o consumo regular e diário de vídeos
amadores e a exposição da intimidade familiar, através de plataformas
multimídia como YouTube e Facebook, os filmes de found footage caíram
nas graças do público. Pelo baixo custo de produção, representam também uma
chance real para produtores e cineastas iniciantes de todo o planeta iniciarem
suas carreiras. Desde o começo deste século, eles têm sido lançados às
centenas.
Seja com milhões
de dólares financiados por grandes estúdios de Hollywood ou com a câmera de um
telefone celular emprestado por um amigo, falsos documentários de horror vêm
sendo feitos nos lugares mais remotos, como Costa Rica, Egito, Ucrânia,
Uruguai, Índia, China, Japão, Brasil e Estados Unidos. Alguns títulos, feitos
com apoio de grandes estúdios de Hollywood ou produtoras ricas, ganham
lançamentos com extravagantes estratégias de marketing, e são exibidos no
circuito comercial de multiplexes; outros filmes – a grande maioria deles, na
verdade – têm sido disponibilizados timidamente através da Internet, em
serviços de streaming como Netflix, Amazon Prime Video, Hulu, ou
diretamente no Vimeo ou no YouTube.
O que mais
impressiona, porém, é o tamanho e a amplitude do fenômeno. A contagem de
longas-metragens de found footage de horror feita na pesquisa
que deu origem a este curso já ultrapassou o milhar de exemplares, feitos de
1999 – ano de lançamento do pioneiro A Bruxa de Blair – a 2021. Várias
minisséries de TV, streaming e webseries, e múltiplos games eletrônicos,
também recorreram a essa estratégia narrativa. E muitos seriados famosos (Os
Simpsons, The Office, Modern Family) flertam com a estética da
imperfeição dos found footage desde o ano crucial de 2007, quando o
formato decolou de vez, após o enorme sucesso de público de filmes como Atividade
Paranormal, Cloverfield e Diário dos Mortos.
Objetivos
O Curso online FOUND FOOTAGE: O HORROR E A ESTÉTICA DA
IMPERFEIÇÃO, de Rodrigo Carreiro, objetiva apresentar uma arqueologia
completa do fenômeno dos filmes de falso found footage, indo desde os romances
epistolares escritos na Idade Média até as narrativas audiovisuais que se
passam inteiramente em telas de computadores pertencentes a personagens
ficcionais. Além de contar a história expandida do found footage de
horror, o curso vai discutir os motivos pelo quais os falsos found footage possuem
vinculação tão estreita com as narrativas de horror (são raros em outros
gêneros fílmicos), bem como as razões culturais, tecnológicas e afetivas pelas
quais os espectadores se sentem tão à vontade diante desse tipo de filme. Para
isso, exploraremos a estilística do gênero, discutindo em detalhes dois dos
mais importantes filmes do filão (A Bruxa de Blair e o espanhol [Rec],
de 2007), apresentando as ferramentas de estilo visual, narrativo e sonoro mais
recorrentes do gênero, e a vinculação destas ferramentas ao conceito que
chamamos de estética da imperfeição.
Conteúdos
Aula 1
A história
expandida do found footage de horror.
Os romances
epistolares na Idade Média e o horror gótico no século XIX.
A
transmissão radiofônica da Guerra dos Mundos e os Highway Safety Films.
A febre dos snuff
movies e as narrativas audiovisuais em primeira pessoa.
Filmes
pioneiros dos anos 1980 e 1990.
A explosão
comercial do fenômeno na década de 2010.
Novas tecnologias.
Computer desktop films como um filão atualizado do falso found footage.
Filme em
profundidade: A Bruxa de Blair (Eduardo Sanchéz e Daniel Myrick, EUA,
1999).
Aula 2
Recursos
estilísticos do falso found footage de horror.
A poética da
câmera diegética.
A
incorporação de erros técnicos como ferramenta de simulação de verossimilhança.
A encenação
em profundidade e os planos-sequência.
Found
footage, emoção e o rosto do ator.
A ausência
de música e a mixagem concentrada em apenas um canal como estratégias de
realismo emocional.
A respiração
dos personagens e o afeto do espectador.
Filme em
profundidade: [Rec] (Jaume Balagueró e Paco Plaza, Espanha, 2007).
Ministrante: Rodrigo Carreiro
Professor do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de
Pernambuco. Mestre e Doutor em Comunicação (Cinema). Autor dos livros Era
uma vez no spaghetti western: o estilo de Sergio Leone (Editora Estronho,
2014), A pós-produção de som no audiovisual brasileiro (Marca de
Fantasia, 2019), O som do filme: uma introdução (EdUFPR / EdUFPE, 2018),
A linguagem do cinema: uma introdução (Editora da UFPE, 2021) e O
found footage de horror (Editora Estronho, 2021). A pesquisa que deu origem
a este último livro, conduzida entre 2011 e 2021, fornece a base conceitual do
curso. Já ministrou o curso Era Uma Vez no Spaghetti Western para a Cine
UM.
Curso online
FOUND FOOTAGE:
O HORROR E A ESTÉTICA DA IMPERFEIÇÃO
de Rodrigo Carreiro
Datas
06 e 07 / Novembro
(sábado e domingo)
Horário
14h às 16h30
Duração
2 encontros online
(carga horária: 5 horas / aula)
Material
Certificado de participação
Investimento
R$ 90,00 (parcelado em até 12x)
..PROMOÇÃO..
Valor Especial para as primeiras 10 inscrições com 20% de desconto:
R$ 70,00
*** Valor promocional esgotado ***
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