O cinema de horror tem desempenhado um papel intrigante ao longo da história, muitas vezes servindo como um espelho distorcido das questões sociais e culturais de seu tempo. Dentro desse contexto, a teoria queer oferece uma lente fascinante para interpretar filmes icônicos onde a diversidade sexual é uma temática velada, porém poderosa. Obras clássicas como Frankenstein e Drácula e os cults A Hora do Pesadelo e Hellraiser exemplificam essa dinâmica, utilizando o vilão como uma metáfora para expor a condição "monstruosa" da sexualidade que escapa da heteronormatividade em nossa sociedade.
Objetivos
O curso Monstros no Armário: o cinema de horror e a teoria queer ministrado por Conrado Oliveira propõe reflexões sobre diversos filmes, dos mais clássicos aos cults contemporâneos, a partir de uma nova perspectiva mais diversa e plural – permitindo que tais monstros “saiam do armário” enquanto seus filmes são dissecados numa nova e curiosa abordagem.
Conteúdos
- Apresentação do curso e dos temas abordados; Metodologia
de análise: teoria queer e cinema de horror; Visão geral do cinema de horror: breve
histórico do gênero e sua evolução;
Contexto Histórico e Teoria Queer
- História do cinema de horror e representações de sexualidade:
evolução dos estereótipos e arquétipos no cinema de horror;
- Introdução
à Teoria Queer - conceitos-chave: heteronormatividade, identidade de gênero e
sexualidade; Aplicação da teoria queer ao cinema;
Frankenstein e a Análise de Identidade e Alteridade
- Análise de Frankenstein (1931) e A Noiva de
Frankenstein (1935) e outras versões: Discussão sobre o monstro como figura
do “outro”; paralelos com a construção da identidade e o medo do diferente;
- Simbolismos e Interpretações Queer: Identidade e desvio
da heteronormatividade;
Drácula e a Sexualidade Sublimada
- Análise de Drácula (1931) e A Filha de
Drácula (1936) - e outras versões: o vampiro como metáfora sexual;
- Subtexto homoerótico e o medo da sexualidade não
conformista;
- Implicações
da sexualidade no horror gótico: a influência do medo do desejo e da
transgressão;
- Análise de O Lobisomem (1941 e outras versões):
a transformação dos corpos, a não-conformidade e não-aceitação;
- Uma leitura sobre a perspectiva da vivência trans:
inconformidade de corpos, disforia, a aceitação como outro e a não-aceitação
social.
Outros filmes:
Exemplos adicionais: Sangue de Pantera (1942), Monstro
da Lagoa Negra (1954), Psicose (1960), Carrie (1976), Parceiros
da Noite (1980), Fome de Viver (1983), Sleepaway Camp (1983),
Lost Boys (1987), entre outros.
Aula 2
- Análise de O Exorcista (1973); Possessão como
alegoria de uma identidade sexual reprimida.
- Interpretações queer da possessão; conflitos de
identidade e sexualidade na narrativa. Representações contemporâneas do
catolicismo e de outros símbolos religiosos no cinema em contrapontos ou
paralelos ao terror.
Hellraiser e a Sexualidade Não Normativa
- Análise de Hellraiser (1987 e 2022): o Cenobita
e o desejo por experiências além dos limites normativos;
- Exploração
do Corpo e Identidade: a sexualidade como uma forma de transgressão e liberação;
Freddy Krueger e a Subversão da Heteronormatividade
- Análise de A Hora do Pesadelo (1984) e A Hora
do Pesadelo 2 – A Vingança de Freddy (1985): Freddy Krueger como uma figura
que desafia as normas de comportamento.
- Leitura queer dos medos e desejos: a relação entre
sonhos, medo e identidade sexual.
- Reflexões acerca de Scream Queen! (2019),
documentário sobre o contexto homossexual de A Hora do Pesadelo 2 e as
complicações na vida de seu protagonista, Mike Patton.
Outras referências e tendências contemporâneas
- Exemplos adicionais: Jovens Bruxas (1996 e
2020), Um Estranho no Lago (2013), Babadook (2014), As Boas
Maneiras (2017), They/Them (2022), Fear Street (2021), Clube
da Mordida (2019), Morte, Morte, Morte (2022) e outros filmes
contemporâneos;
- Tendências recentes: como a representação da diversidade
sexual e identidades de gênero estão mudando no cinema de horror moderno;
- Síntese
e Reflexões Finais:
Revisão dos principais pontos discutidos;
Discussão aberta e perguntas;
Referências e indicações.
Crítico, professor e pesquisador de cinema. Mestre em Arte, Cultura e Comunicação pela Universidade do Minho, em Portugal. Pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual e graduado em Comunicação Social. Membro da atual gestão da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), foi programador da Sala de Cinema Ulysses Geremia (Caxias do Sul/RS), colaborador dos sites Cine Players e Papo de Cinema e júri e curador de diversos festivais, como Gramado e Cineserra.
Curso
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