Apresentação
A cineasta belga Agnès Varda (1928-2019) foi uma das
poucas mulheres diretoras do período de revolução sociocultural do pós-guerra,
nas décadas de 50 e 60. Precursora, o seu primeiro longa-metragem "La
Pointe-Courte" (1955) antecipou as características do movimento artístico
que explodiu na frança e repercutiu no mundo inteiro, os chamados "Novos
Cinemas". Varda pertencia ao grupo da "margem esquerda" da
Nouvelle Vague, junto dos realizadores Alain Resnais, Chris Marker, Jacques
Demy e Henri Colpi, que se caracterizava por seu ativismo político, enquanto a
"margem direita", da qual faziam parte François Truffaut, Jean
Luc-Godard, Jacques Rivette, Claude Chabrol e Eric Rohmer, era regida pela
cinefilia e pela atividade crítica na Cahieurs du Cinéma. Em comum, os dois
grupos tinham André Bazin, teórico criador da Cahieurs, que havia trabalhado
com Chris Marker na Travail et Culture - associação de militância cultural
parisiense fundada no pós-guerra - e a recusa pelo "cinema de qualidade
francês", pautado por adaptações literárias de grandes clássicos e que
pouco se relacionava aos dramas e anseios da juventude francesa.
Os ecos dessa
ruptura cinematográfica proposta pela Nouvelle Vague prolongam-se ao longo de
toda a obra de Agnès Varda, que foi a única mulher a participar do movimento. Em
seus filmes, a cineasta transita entre o pessoal e o político, o público e o
privado, o documentário e a ficção, tecendo narrativas singulares baseadas na
troca entre quem filma e àqueles que são filmados. Além disso, diferente da
maior parte dos realizadores do período, não é o cinema o principal motor de
suas escolhas estéticas, mas a pintura, a fotografia, a literatura, etc.
Portanto, é a partir desse cinema impuro (como defendia Bazin), que bebe tanto
do próprio cinema quanto das outras artes, tanto em si quanto no outro, que
Varda constrói a sua cinescrita, um cinema autoral em que o estilo está
intrinsecamente ligado à autonomia e a liberdade de escolhas.
"A mise en
scène não é mais um meio de ilustrar ou de apresentar uma cena, mas uma
verdadeira escritura. O autor escreve com a câmera como o escritor escreve com
a caneta."
(Alexandre Astruc,
em seu texto "Nascimento de uma nova vanguarda: a caméra-stylo", de
1948)
Ao longo de seus
setenta anos de carreira, Agnès Varda produziu mais de cinquenta filmes entre
documentários, ficções, musicais e filmes ensaio, além de possuir uma carreira
intensa nas artes visuais.
Objetivos
O Curso Agnès Varda: Pioneira da Nouvelle Vague,
ministrado por Daniela Strack,
vai analisar os ecos da Nouvelle Vague na construção do cinema autoral de Agnès
Varda, desmembrando as características essenciais da sua
"cinescrita". Para tanto, será analisado e estudado o contexto
histórico e as mudanças socais dos anos 50 e 60 que repercutiram no movimento;
o engajamento político de Varda e o seu olhar para o "outro" e a
influência das outras artes (pintura, fotografia e literatura) na construção de
seus filmes.
Conteúdos
Aula 1
Desvendando a cinescrita de Agnès
- À esquerda da
Nouvelle Vague: La Pointe-Courte (1954);
A
Ópera-Mouffe (1955) e
Cléo
das 5 às 7 (1962)
- Fotografia e
composição de quadro: Saudações, Cubanos! (1964), Une Minute
Pour Une Image (1983)
- Engajamento
político: Os Panteras Negras (1968), Resposta das Mulheres: Nosso Corpo, Nosso
Sexo (1975) e Uma
Canta, a Outra Não (1977)
Aula 2
A
cineasta apaixonada pelo "outro"
- O amor por Jacques
Demy: Jacquot de Nantes (1991), L'univers
de Jacques Demy (1995)
- Além do
mediterrâneo: Tio Yanco (1967)
e O
Amor dos Leões (1969), Amor e Prazer no Irã (1976)
- Catadora de
imagens: Os Catadores e Eu (2000), Les Glaneurs
et la Glaneuse... Deux Ans Après (2002), Visages, Villages (2017)
- Uma escrita de si:
Daguerréotypes (1976), As Praias de Agnès (2008), Varda
por Agnès (2019)
Ministrante: Daniela Strack
Mestranda em
Comunicação pela UFRGS e graduada em Produção Audiovisual pela PUCRS (2014). Trabalha
como Assistente de Direção no mercado cinematográfico desde 2012, com destaque
para os longas-metragens Tinta Bruta
(Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, 2018) vencedor do Teddy Award de Melhor
Longa-metragem e do CICAE Art Cinema Award (prêmio da Confederação
Internacional de Cinemas de Arte) no 68º Festival Internacional de Cinema de
Berlim, além de Melhor Filme no Festival do Rio (2018) e Raia 4 (Emiliano Cunha, 2019) vencedor dos prêmios de Melhor
Longa-metragem gaúcho, Melhor Fotografia e Melhor Longa-metragem do Júri da
Crítica no 47º Festival de Cinema de Gramado. É membro-fundadora do Cineclube
Academia das Musas - com foco no estudo de produções dirigidas por mulheres - e
editora da revista digital produzida anualmente pelo grupo. É membro da ACCIRS
(Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul) e atual presidente da
APTC-RS (Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do
Sul).
Curso
Agnès Varda: Pioneira da Nouvelle Vague
de Daniela Strack
Datas
14 e 15 de Março (sábado e domingo)
Horário
14h às 17h
Duração
2 encontros presenciais (6 horas / aula)
Local
Cinemateca Capitólio / Sala Décio Andriotti
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - 3º andar - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)
Material
Apostila (PDF) + Certificado de Participação + Caneta
Formas de pagamento
Cartão de Crédito (em até 2x)
Depósito / Transferência bancária
PicPay
Investimento
R$ 100,00
Formas de pagamento
Cartão de Crédito (em até 2x)
Depósito / Transferência bancária
PicPay
***
Promoção: R$ 90,00
(* Valor promocional esgotado!)
Informações
cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714
Realização
Cine UM Produtora Cultural
Apoio
Cinemateca Capitólio
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