Apresentação
Na história do cinema produzido no Rio Grande do Sul, foram feitos aproximadamente mais de 750 filmes de longa-metragem. O material inclui todo tipo de conteúdo, passando por ficções, documentários, cinejornais – nos mais variados formatos de captação (35mm, 16mm, super-8, VHS, digital, etc). Ao longo dessa jornada de mais de 100 anos, há passagens muito conhecidas, como o ciclo da bombacha e do chimarrão liderado por Vítor Mateus Teixeira (Teixeirinha). Ou a chegada da geração dos anos 1980, que revolucionou o setor graças às câmeras Super-8. A partir dos anos 2000, cada vez mais novos nomes surgem, formados por cursos universitários reconhecidos.
Mas até pouco tempo
atrás, muito pouco havia se falado sobre a existência de um eventual Cinema de Gênero
no estado. Filmes que dialogassem com elementos de horror, ficção científica e
fantasia, por exemplo, eram contados nos dedos – sem que existisse um
levantamento completo de sua produção, ou uma preocupação em destacar os
cineastas responsáveis pelas obras. Desde 2005, graças ao surgimento de
bem-sucedidos festivais e mostras temáticas na cidade de Porto Alegre (Fantaspoa, A Vingança dos Filmes B), ficou cada vez mais evidenciado o
interesse pelo assunto. A curiosidade pelo tema atraiu pesquisadores como
Rodrigo Figueiredo Nunes, responsável pela dissertação de mestrado “O Cinema
Fantástico no Rio Grande do Sul (1960-2020)”, disponível na Biblioteca Virtual
da PUCRS.
Fruto de três anos de esforços, o trabalho apresentou dados surpreendentes, como a existência de mais de 100 títulos que podem ser enquadrados como filmes fantásticos. Há espaço para tudo: dramatizações de crimes reais que chocaram os gaúchos; a presença de monstros clássicos (vampiros, lobisomens) na capital e no interior, a participação especial de cineastas consagrados como David Lynch, títulos estranhos que remetem a doenças e perturbações mentais (Quiropterofobia, Escotofobia, Paraphilia, Disforia), mitos e lendas que falam de ressurreições milagrosas e cobras de fogo. Momentos praticamente desconhecidos do cinema gaúcho, realizados através das condições possíveis e através de muito sangue, suor e lágrimas.
Objetivos
O Curso Cinema Fantástico no Rio Grande do Sul, ministrado por Rodrigo Figueiredo Nunes, irá apresentar os resultados do seu trabalho de pesquisa. A atividade responderá a alguns questionamentos que nortearam os estudos, tais como quantos filmes fantásticos teriam sido feitos no estado? Quem são os profissionais envolvidos? Sobre o que são essas histórias? As aulas trazem conteúdos expositivos, contextos históricos e conceitos temáticos encontrados na produção gaúcha do audiovisual de gênero, bem como apresentação de trechos selecionados de filmes representativos e/ou raros.
Conteúdos
Aula 1 (21/maio)
- O gênero fantástico: características e definições
- O nascimento da pesquisa e os critérios de
inclusão e exclusão de filmes
- A divisão das dez categorias temáticas
- O horror humano
- Os monstros
- O desconhecido
- A fantasia
Aula 2
- O terror psicológico
- As relações com os mortos
- A ficção científica
- Os mundos alternativos
- Os duplos malignos
- Os mitos e lendas do Rio Grande
do Sul
- As antologias e o futuro
Ministrante: Rodrigo Figueiredo Nunes
Jornalista (PUCRS) e radialista (FEPLAM), com especialização em Cinema (Estácio) e mestrado em Comunicação Social (PUCRS). Trabalhou em veículos como Rádio Bandeirantes e Agência Radioweb, além da produção de podcasts. Atua como pesquisador junto a órgãos como IECINE (Instituto Estadual do Cinema do Rio Grande do Sul) e Cinemateca Paulo Amorim na implantação e manutenção do Portal do Cinema Gaúcho, um grande banco de dados sobre as produções audiovisuais feitas no estado (longas, curtas, médias, séries, etc.), dos primórdios aos dias de hoje.
"Sangue na Lua" (2008)
Datas
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